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Para a minha mãe...

Há dias reli este belo poema de Eugénio de Andrade, não quero deixar de o partilhar com todos que por aqui passam, dedicado a todas as mães, que são a coisa mais preciosa que há no mundo... Com um beijo muito especial para a minha em particular.




"No mais fundo de ti
Eu sei que te traí, mãe.

Tudo porque já não sou
O menino adormecido
No fundo dos teus olhos.

Tudo porque ignoras
Que há leitos onde o frio não se demora
E noites rumorosas de águas matinais.

Por isso, às vezes, as palavras que te digo
São duras, mãe,
E o nosso amor é infeliz.

Tudo porque perdi as rosas brancas
Que apertava junto ao coração
No retrato da moldura.

Se soubesses como ainda amo as rosas,
Talvez não enchesses as horas de pesadelos.
Mas tu esqueceste muita coisa;

Esqueceste que as minhas pernas cresceram,
Que todo o meu corpo cresceu,
E até o meu coração

Ficou enorme, mãe!

Olha - queres ouvir-me? -
Às vezes ainda sou o menino
Que adormeceu nos teus olhos;

Ainda aperto contra o coração
Rosas tão brancas
Como as que tens na moldura;

Ainda oiço a tua voz:
Era uma vez uma princesa
No meio do laranjal...

Mas - tu sabes - a noite é enorme,
E todo o meu corpo cresceu.
Eu saí da moldura,
Dei às aves os meus olhos a beber.

Não me esqueci de nada, mãe.
Guardo a tua voz dentro de mim.
E deixo as rosas.

Boa noite. Eu vou com as aves. "




Eugénio de Andrade - Poema à Mãe

2 comentários:

Emília Pinto disse...

Já comentei uma vez e de repente a internet deixou de funcionar; bem..não sei se vão aparecer dois comentários. Adorei a homenagem que fizeste às mães, escolhendo este lindo poema; sou mãe e ainda tenho mãe e entendo muito bem o que as mães sofrem com as atitudes dos filhos quando estes já sabem voar sozinhos; os meus já estão nessa fase, mas às vezes esqueço-me disso e quero tratá-los como os meus meninhos; aí há choque, mas sempre passageiro; os filhos continuam a amar as mães, só que de maneira diferente. Agora entendo melhor o sofrimento da minha quando comecei a querer voar e quando ela, para me proteger tentava evitar; era dura com ela às vezes, mas agora entendo, pois passo pelo mesmo. Muito obrigada, António pela escolha des poema; senti-me bem homenageada. Um beijinho
Emília

Penélope disse...

Estamos a comemorar o Dia das Mães neste domingo (9/05).
Gostei muito dos seus espaços e vim agradecer sua passagem pelo meu INFINITO.
Abraço, amigo